terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

já chegaram

os narcisos
Tenho a terrinha cheia deles.
Amarelo com amarelo ou branco com amarelo.
São lindos não são?
E cheiram bem...
ou melhor costumam cheirar bem,
pois, este ano as flores não têm aroma,
por enquanto, digo eu.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

observatório



Este observatório que a dona nos arranjou é uma maravilha... não tiramos os olhitos dos gatões que por ali passam e com os passarinhos as nossas barbinhas tremem tanto!... Ai se pudéssemos apanhá-los, chamávamos-lhes um figo!...

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Sou como sou...

Sou como sou e pareço
(às vezes) melhor do que isso,
pois, na voz que em mim ressoa,
sou a gaivota que voa
presa à vela do feitiço.

Invento no meu silêncio
- que é do tamanho do mundo!,
E quando estou indeciso
eu falo, porque é preciso
fingir que não vou ao fundo.

Sou actor de profissão;
tanjo esta viola estranha
Em que o harpejo é o personagem
que conquistou a viagem
dum mar que não acompanha.

Dou-me com seres decentes
E indecentes ( murmuram!)...
Mas que importa ao marinheiro
Se sabe que, com dinheiro,
todos eles se misturam...!

Compro e vendo o olhar do sonho
Por amor do realejo
e penso no que seria
se, naquela fantasia,
fosse aquele o meu desejo.

Mas chego, todas as noites,
preso à eterna solução
de arrumar, no desencanto,
a minha alma a um canto
do quarto da solidão.

Deus, em certa hora, um dia,
despir-me-á do que visto!
Mas até lá dou e peço...

Sou como sou e pareço
(às vezes) pior do que isto.

Vasco de Lima Couto

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Zeca Afonso

Fez hoje anos que morreu Zeca Afonso. Para mim é inacreditável que algumas estações de rádio não tenham passado uma única música dele. A que se ouve no meu emprego fez esse favor. Que pena, para quem conhece e para quem não conhece.

Vejam bem que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar...
...

quadras antigas



Quem por uma hera passou

E uma folha não apanhou

Do seu amor não se lembrou

Ou então... nunca amou

limpar a vista


Perto da torre sineira avista-se toda a cidade.
Se esquecermos a degradação do parque habitacional dá para limpar a vista.
Eu cá adoro ver a minha cidade deste local.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

aos oitenta e cinco anos

A 85 ANS

A quatre-vingt-cinq ans, on peut encor aimer.
Aimer faire des vers, aimer les reciter.

A quatre-vingt-cinq ans, on peut encor aimer.
Aimer l'odeur des roses et celle des oeillets.

A quatre-vingt-cinq ans, on peut encor aimer.
Aimer le goût des frites et du saumon fumé.

A quatre-vingt-cinq ans, on peut encor aimer!
... On peut encor aimer
... Aimer.

Léon Dupilet

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

carnaval

Aqui na cidade não consegui ver mascarados nem festejos

mas a miúda anda sempre disfarçada

e quase impossível de fotografar




apanhei-a no cesto da roupa para lavar

não confundir com a companheira de correrias

a francelina que adora ser fotografada

e dá a boas vindas a quem por aqui passa

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

colcha de lã


fazer uma colcha com restos de lã
e depois...
comprar mais lã
para completar a colcha

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Senhora do Monte

Depois das Cortes, sempre a subir, sempre a subir, e lá bem no alto, encontra-se esta capela.
Os meus pais não faltavam à festa da Senhora do Monte.
O calhambeque não se aguentava na subida e ficava a meio. Subíamos o resto a pé, com o farnel e as cadeiras e passávamos o dia a ouvir a banda. Isso é que era diversão...

Continuo a gostar de visitar o local, em qualquer altura do ano, de dia ou de noite.

E levo os filhos comigo... agora também tem baloiços, mesas para piquenicar

Esta casa mandou fazer Diogo Gil por sua devoção na honra de Nossa Senhora 1550



as vistas são até ao infinito

os fogos têm estragado a paisagem...

domingo gordo

Hoje é domingo gordo, como o nome indica é dia de comer muito e muita diversão. Mas apetece-me falar da fome.

LA GRASSE MATINÉE

Il est terrible
le petit bruit de l'oeuf dur cassé sur un comptoir d'étain
il est terrible ce bruit
quand il remue dans la mémoire de l'homme qui a faim
elle est terrible aussi la tête de l'homme
la tête de l'homme qui a faim
quand il se regarde à six heures du matin
dans le glace du grand magasin
une tête couleur de poussière
ce n'est pas sa tête pourtant qu'il regarde
dans la vitrine de chez Potin
il s'en fout de sa tête l'homme
il n'y pense pas
il songe
il imagine une autre tête
une tête de veau par exemple
avec une sauce de vinaigre
ou une tête de n'importe quoi qui se mange
et il remue doucement la mâchoire
doucement
et il grince des dents doucement
car le monde se paye sa tête
et il ne peut rien contre de monde
et il compte sur ses doigts un deux trois
un deus trois
cela fait trois jours qu'il n'a pas mangé
et il a beau se répéter depuis trois jours
Ça ne peu pas durer
ça dure
trois jours
trois nuits
sans manger
et derrière ces vitres
ces pâtés ces bouteilles ces conserves
poissons morts protégés par les boîtes
boîtes protégées par les vitres
vitres protégées par les flics
flics protégés par la crainte
que de barricades pour six malheureuses sardines...
Un peu plus loin le bristo
café-crème et croissants chauds
l'homme titube
et dans l'intérieur de sa tête
un brouillard de mots
un brouillard de mots
sardines à manger
oeuf dur café-crème
café arrosé rhum
café-crème
café-crème
café-crime arrosé sang!...
Un homme très estimé dans son quartier
a été égorgé en plein jour
l'assassin le vagabond lui a volé
deux francs
soit un café arrosé
zéro francs soixante-dix
deux tartines beurrées
et vingt-cinq centimes pour de pourboire du garçon.
Il est terrible
le petit bruit de l'oeuf dur cassé sur un comptoir d'etain
is est terrible ce bruit
quand il remue dans la mémoire de l'homme qui a faim.

Jacques Prévert

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Um Canto de Vida e de Morte



Porto 26/11/1923 - Lisboa 10/03/1980

Poeta, declamador, actor, encenador...

Toda a gente conhece os seus poemas, muitos deles musicados... Pomba Branca, Noite, Zé Brasileiro Português de Braga, Preciso de Espaço...


OUTUBRO DE 68

Que Povo é este, que Povo,
Que compra os rios que tem?
Que vende a terra pequena
e não sabe de onde vem?

Que Povo é este, que Povo,
que respira sem garganta?
Que chora porque tem frio
mas não tem sol quando canta?

Que Povo é este, que Povo,
que é Poeta e se alimenta
de tanta maré vazia
no mar que ele próprio inventa?

Que Povo é este, que Povo,
que tenta um sonho esmagado?
... É o Povo de onde venho
todo por dentro amarrado!

Vasco de Lima Couto

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Portugal na net

Continua a admirar-me a falta de informação acerca de Portugal quando pesquiso na internet. Seja a procura de um poema, um poeta, um pintor, um toureiro, um monumento... Comparando com a informação que obtenho sobre assuntos relativos a estrangeiros, é de facto muito pobre. Até pasmei em tempos ao pesquisar sobre Berta Cardoso. Imaginem que encontrei excertos dos seus discos num site estrangeiro, mas nada em português. Felizmente que essa lacuna já foi colmatada e agora temos bastante informação sobre essa grande fadista, é certo que à custa de uma "carola" que se dedicou a reunir e compilar vária informação. Afinal não existiu só a Amália, não querendo de modo nenhum diminuir o seu valor.
Para começar, ali ao lado, já existe o link para o site da Berta Cardoso. Ah fadista!
Entretanto vou dando o meu pequeno contributo para a divulgação dos "esquecidos".

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

garrafa de whisky

- Oh mãe! Amanhã tenho que levar uma garrafa de whisky para a escola.
- Tás maluco!? Para quê?
- Foi a professora que mandou.

Ok. No meu tempo fazíamos coisas bem engraçadas com garrafas vazias, desde candeeiros a castiçais, mas agora que embirram com tudo, estranho. Mas a professora manda... onde é que vou desencantar uma garrafa de whisky? Não vou beber até ir parar ao hospital para o miúdo levar uma garrafa vazia...

Tive uma ideia. Vamos ao café e lá devem ter garrafas vazias.

E tinham mesmo. Agora vejamos o aspecto dum miúdo com 10 anos, de garrafa de whisky na mão. Ainda mais que é um brincalhão e veio pelo caminho a fazer de conta que bebia. Fiquei a pensar porque é que proibiram os miúdos de comprar tabaco, que até me dava jeito e eles sentiam-se úteis enquanto eu bebia o café...

O próximo passo revelou-se muito difícil. Limpar a garrafa de qualquer vestígio do seu conteúdo. Ora experimentem se querem ver. Nem navalha, nem abre tampas, nem escopro, nem martelo. À prova de tudo. Certamente por causa de não ser falsificado.

Ora Adeus! Olhem o rapaz vai levar falta de material e pronto.

mudei

Fui forçada a mudar para o beta...
Então... mudei também a decoração
que tal?