quarta-feira, 28 de março de 2007
domingo, 25 de março de 2007
ponte parque infantil
quarta-feira, 21 de março de 2007
dia mundial da poesia
É ser-se criador - criar beleza.
Para isso,
É necessário pressenti-la
Aonde os nossos olhos não a virem.
Eu creio que sonhar o impossível
É como que ouvir a voz de alguma coisa
Que pede existência e que nos chama de longe.
Sim, o mais importante na vida
É ser-se criador.
E para o impossível
Só devemos caminhar de olhos fechados
Como a fé e como o amor.
Se tudo quanto disseste
- E foram quatro palavras!
Foi tudo quanto sentiste,
Então...,
Porque estranhas
Que eu fique triste?
Podias ter tido pena -
Desta ilusão
Que era a maior e a mais bela
De quantas pude sentir!
Sim, podias ter mentido,
E era tão fácil mentir!
Tentei beijar-te - perdoa;
Arranjavas um pretexto:
"Agora, não..., outro dia!..."
E eu ficava contente!,
- Se eras tu,
A tua boca, os teus olhos,
- Se eras tu quem me mentia!
António Botto
in "Canções"
segunda-feira, 19 de março de 2007
o médico de família
e, ou eu tenho pouca sorte ou então a medicina está muito mal parada.
O meu 1º médico de família, parecia e parece um cavador. Sempre sujo, vinha directamente da caça ou ia das consultas para a caça. Mal olhava para os doentes, chegava atrasado, enfim, uma desgraça. Tentei mudar, quase impossível, ou mesmo impossível, dado que não consegui.
Finalmente reformou-se a aí a esperança de conseguir um bom médico voltou. Mas estava enganada. Desta vez calhou-me um louco. Bem vestido e lavadinho, também é pontual. Quanto a competências... Hoje fui lá, a 2ª vez em 2 anos. É que ando mesmo em baixo, mas acho que fiquei pior só de o ver. Não é que o homem seja feio ou malcheiroso, mas quanto à medicina que pratica... Receitou-me 2 medicamentos, análises e radiografias. Esta nova moda de receitarem muitos exames auxiliares também me irrita. O diagnóstico para os medicamentos que me mandou tomar limitou-se a pouca conversa e a medir-me a tensão arterial que por acaso estava dentro da normalidade. Fico a pensar como se atrevem a receitar umas drogas cheias de contra indicações e efeitos secundários com uma análise tão sumária da pessoa que têm pela frente.
Amanhã ou depois vou fazer as análises e o rx receitado. Depois já sei o que vai acontecer. Ou está tudo normal e ficamos na mesma sem saber de onde vem o mal. Ou não está normal e aí temos uma pequena probabilidade de tratar do assunto, pois, será essa a causa do mal estar?
Este país vai mal quanto a medicina
Faz-me lembrar uma exigência antiga:
"só há liberdade a sério quando houver
a paz, o pão
habitação
saúde
educação"
cantava o Sérgio Godinho pr'aí em 1974, e podemos todos continuar a cantar, em coro.
sábado, 17 de março de 2007
passagem de modelos
Pormenor do penteado: marron com madeixas pretas e ruivas. Magnífico contraste com a fatiota em tons de creme. Brincos vermelhos e sapatas amarelas.
sexta-feira, 16 de março de 2007
parei aqui
Neste local, junto ao castelo e no seu acesso, existe um miradouro com vistas para a cidade.
Do Korrodi hei-de falar um dia destes e das "pegadas" que deixou por cá.
terça-feira, 13 de março de 2007
do meu primeiro livro de poesia
Onde os sonhos de glória e de riqueza
Cujo clarão me entontecia?
Se lhes levanto a mão, a mão descai-me fria...
Não tenho fome, já, nem tenho mesa.
Por Ti perdi o gosto de vencer
(Nenhum triunfo me consola)
E da contínua dor fiz meu maior prazer,
E a quem me fez sofrer apanho a esmola.
Onde o ferver do sangue, o riso aberto,
A boca rubra, o olhar em chamas?
Por Ti cobri de cinza o coração deserto,
E sobre o chão queimado fiz a cama.
Onde aquele calor da carne viva,
Do coração vibrante e humano?
Por Ti desse absoluto amor dona-cativa,
Minh'alma em tudo mais só viu engano.
Por Ti desiludi quem me queria
Como no mundo nos queremos,
Não tendo mais que dar que esta alma abstracta, - fria
A tudo que não sejam Teus extremos.
Por Ti tudo perdi, desiludido
De quanto é belo mas não Teu,
Até perder, por fim, todo o comum sentido
Do que antes distinguia em terra ou céu.
Que terra, inferno, céu, me és Tu, mais nada!
Por Ti chamei o mesmo a tudo,
E a terra que nos pés trazia inda pegada,
A esfarelei com o meu desprezo mudo.
Sim, meu só mundo és Tu! Tu o meu céu!
Tu meu inferno, se te ausentas!
E como, já, poder distinguir Tu ou eu,
Se eu não sou eu quando me não sustentas?
Por Ti vivo no tempo a eternidade,
Por Ti morri antes de morto!
E houveras Tu, Amor, de não ser realidade,
Mar em que me eu afogo e único porto?
E houvera de ser eu tal dependência
Dum sonho meu sem baluarte?
Ah, se fora só minha essa Tua existência,
Como pudera eu não acusar-Te?!
José Régio
in "Mas Deus é Grande"
segunda-feira, 12 de março de 2007
domingo, 11 de março de 2007
anedota?
Quando o Papa Paulo VI veio a Portugal, vivíamos em "ditadura", sendo 1º ministro Salazar.
O Papa perguntou-lhe qual o motivo de ter tantos ministros, obtendo a seguinte resposta:
- Santidade, Jesus tinha 12 apóstolos, eu tenho 12 ministros.
Em 2008, quando o Papa Bento XVI visitar Portugal e perguntar ao 1º ministro para quê 34 ministros e secretários de estado, este, certamente, responderá:
- Bem, Santidade... Ali Babá tinha 40...
sábado, 10 de março de 2007
som da tinta
Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela é cor é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
António Gedeão
Movimento Perpétuo - 1956
o jardim
mudaram-no de sítio (talvez por causa do reumatismo...)
Luís de Camões (1525 (?) - 1580)
estátua assinada por F.Marques - 1980
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
feira de velharias
preços
Cento e tal euros...
É verdade!
Por isso toca de reclamar quando não somos bem atendidos...
rec(l)usas
Gostava muito mais de ver uma notícia que mostrasse calos nas mãos destas mulheres, que para matar as horas e as tristezas as ensinassem a trabalhar, e aprendessem a sentir-se felizes por produzir, sem vergonha de qualquer trabalho e orgulhosas de ganhar o seu futuro sustento... não me conformo com a nova ideia que o aspecto exterior é assim tão importante.
sexta-feira, 9 de março de 2007
quarta-feira, 7 de março de 2007
adeus
Na despedida também me ofereceram um poema, o resto que estava escrito, é só meu :)
O que rói
corrói
e dói
Por dentro, chôro
por fora, riso.
Fundo, a mágoa
nos lábios, o sorriso
Ora o sorriso,
ora o rictus
Que o difícil lutar
de hoje
emprenhe o duro construir
do amanhã
Não espero juízes
nem sentenças
Não procuro réus
nem quesitos
espero futuro
e nele ser
Procuro luta
e nela estar
Ser,
do futuro
o seixo do degrau-hoje
da infinda escalada
Sérgio Ribeiro